quarta-feira, 11 de junho de 2014

Não sou estepe de ninguém

E naquele momento eu podia jurar que era para sempre. Não poderia estar mais enganada. 

Foi assim por muito tempo... eu acompanhei, cuidei, aconcelhi, mas não percebi que era apenas por conveniência. Não percebi que era uma estrada de mão única em que apenas um dirigia com atenção, se doava, sabia as regras de trânsito e respeitava os pasageiros e pedestres. Apenas um motorista e o outro por conveniência, sentado no banco do pasageiro dando apenas o superficial, enquanto eu dava o mais profundo de minhas emoções.

Acontece que o carro furou o pneu e o estepe tah danificado. Agora preciso de carona e você dirige na contra mão. Aceno desesperadamente, afinal, somos amigos. Você não me negaria ajuda, negaria? Continuo na beira da estrada, imóvel, te esperando. Pasam os dias, passam as horas e a solidão aumenta a medida que o Sol se põe. Nenhum carro vem em minha direção. Ninguém parece notar minha ausência na estrada. Estão todos correndo e me deixando pra trás. Finjo não ver.

Então, olho dentro dos carros e existem novos pasageiros dentro. Quando fui substituída? Quando deixei de ser importante a ponto de ser apenas um ponto de apoio, apenas alguém que serve como estepe?

Pois bem, cansei. Estou remendando este buraco no pneu sozinha. Cansei de ser apenas um ponto de parada onde as pesoas chegam, mas não permanecem. Cansei de ser trocada por gente vazia e fútil. Vou trocar esse pneu e dizer adeus. E que pena se você precisar de mim, porque eu cansei de ser procurada só quando precisam de favores. Apenas para tapar buracos.

Vou dirigir e não olhar para trás, porque para mim chega. Chega de ser usada. Chega de querer ser importante e ser pisoteada, atropelada pelos interesses. Sou a peça principal e não o estepe.

Quero amigos e não pessoas que abusem de mim.

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Kamila Mendes

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