terça-feira, 18 de setembro de 2012

Inspiração

Sentada a beira de um penhasco, assistia a chuva cair. Via e sentia o espetáculo da natureza ao seu redor. Presenciava o céu derramando seus pequenos pingentes. Pingentes de ilusão, pensava, com o coração palpitando no ritmo das trovoadas.
Não estava triste, nem mesmo pensava em se jogar. Nada disso, apenas pensava. Meditava sobre os dias e o sentido que empregava a eles. Meandra era ingenua e forte, mas ultimamente se sentia fraca e débil. Gostava de observar a natureza. Apreciar o espetáculo do Criador sempre acalmava suas emoções e faziam com que o sentimento de gratidão fluísse dentro de si. 

Era isso que a menina presenciava ali. Admirava a fúria da natureza, sem contando se sentir abatida ou violentamente triste como o temporal parecia deixar os demais. Seu estado era outro: apreciação. 

Estava ali para sentir. Para vibrar ao som das trovoadas enquanto seus pés balançavam alegremente em meio ao nada. Sentia a eletricidade no ar, arrepiando os pelos de seu corpo, a medida que os raios rasgavam os céus em clarões de pura energia. Fechava seus olhos, não para emergir naquele dia cinza e aparentemente triste, mas para deixar que as nuvens pesadas de sentimentos tenebrosos fossem lavadas de dentro e fora de si. 

O vento frio batia forte e ao mesmo tempo suave, como se embalasse a garota em seus braços fortes. Sabia que se já não estivesse enchargada, seus cabelos, nesse momento, dançariam livres ao sabor da ventania. 

As grossas gotas de chuva caiam revolvendo a terra e trazendo ao olfato de Meandra o cheiro singular de terra molhada que lhe lembrava de dias quentes e verdes, do sabor das brincadeiras e do gosto alegre e divertido de gargalhadas. Revolvia suas lembranças como revolvia a terra molhada. 

Os pequenos pingentes de chuva desciam faceiros e brincalhões por sua face, braços e roupa, traçando caminhos desconhecidos, se aventurando e queda livre. Alguns se misturavam com as gotas salgadas que vertiam dos olhos fechados. Mas ao abri-los, a moça saboreava a chuva, colocando a língua pra fora e sentindo o impacto em seu paladar. Água, água que limpa, que lava, que derrama lembranças e emoções sem muita responsabilidade, a não ser a de encharcar a terra e trazer a promessa de renovo e de vida....


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Kamila Mendes

1 comentários:

vendedor de ilusão disse...

Olá minha cara e prezada amiga, bom dia!
Com satisfação, venho para lhe comunicar que o Prosas Poéticas já está no ar!
Espero que seja do seu agrado.
Um beijo e até mais...