sexta-feira, 8 de junho de 2012

Um Pequeno Conto! (Parte VIII)

Você está deitada na sua cama relembrando cada pequeno detalhe dessa noite: o momento em que você estava no quarto se arrumando e se admirando no espelho, a expressão de surpresa no rosto de Caspian, a forma como ele rapidamente a tomou nos braços quando você desceu as escadas e o fato de que aquele gesto significava que o Rei estava, delicadamente, mostrando a todos que você era dele. Está bem, você sabe que se essa idéia de “ser dele” é um pouco exagerada, mas, dentro do contexto romântico de sua história, você não tem do que reclamar.
Ainda consegue lembrar também da dor que sentiu ao ver a Rainha Suzana chegando ao Baile e de como Aslan apareceu a você no momento em que mais precisou. Sobre a aparição de Aslan, a única coisa que você tem a pensar é “que no momento que eu considerei ter perdido tudo pelo o que lutei e no momento em que desisti de lutar, Ele apareceu e me tratou como sua filha. Nunca você vai esquecer a forma como o Grande Leão me chamou de filha e querida!”. E esse momento é o mais importante da sua vida, seguido é claro do pedido de casamento.

Nunca você imaginou ver um rei se ajoelhando diante de alguém, a não ser que esse alguém seja Aslan, principalmente para pedir em casamento uma mulher que nem da realeza é! Está bem, eu sei que ele te deu um título de princesa, mas você há de convir que ele só fez isso por amor, porque nobreza você não tinha antes de Aslan escolher você e soprar isso no ouvido de Caspian!

Bom, mas deixando de lado a questão do sangue azul, você ainda está sonhando acordada quando ouve três batidas na porta, sua mente faz a conexão imediata com o Sr. Texugo!

“ – Texugo, é muito tarde para conversar e eu ainda estou chateada. Volte amanhã!”

As batidas continuam e então você levanta, porque a essa hora só pode ser o professor com novidades sobre Suzana. Ao levantar da cama, você não se preocupa em colocar um roupão por cima do pijama ridículo que você insiste em usar e abre a porta de forma repentina, assustando a pessoa que está do outro lado, com a mão levantada em forma de punho, se preparando para bater outra vez.

“ – Sério, ainda não entendo porque insisto em pagar um alfaiate especial para costurar suas camisolas se você insiste em usar essa coisa ridícula!”, diz Caspian contendo uma gargalhada e fingindo um olhar ofendido.

Você não sabe se ri junto com ele, fica com vergonha, corre e se esconde no banheiro em uma esperança frustrada de ele não ter reparado no imenso buraco que há na perna esquerda do pijama, ou simplesmente bate a porta na cara dele com vergonha, mas deixa ele pensar que é de raiva. “São realmente hipóteses interessantes. O que eu faço?”

Mas, com o tempo que você levou construindo cada uma dessas hipóteses, Caspian já entrou e tirou o trinco delicadamente de sua mão. Ele olha fundo nos seus olhos e percebe o quão constrangida você está.

“ – Bom, se vamos de fato nos casar, devo superar sua mania por pijamas surrados e abandonar as fantasias de camisolas de seda.”, ainda rindo, ele continua: “ – Não estou te criticando, minha princesa, é uma brincadeira, eu aprecio o gosto que você tem pelas coisas que ainda te prendem a sua antiga vida. Só que às vezes penso se isso não é uma forma de você demonstrar arrependimento por sua escolha! Mas acho que você me diria se fosse o caso, e diria da forma mais sarcástica possível”

Agora é sua vez de rir e de pensar: “Meu Deus, como pode um homem desse tamanho ser tão inseguro quanto um bebê de colo!”

“ – Claro que não me arrependo, Caspian, ou você se esqueceu que há mais ou menos três horas eu aceitei seu pedido de casamento?! Agora, me conte, o que você faz aqui em meu quarto as três horas da madrugada, se meu relógio não estiver quebrado!” e ao terminar de falar você se pega no meio de uma possível crise e pensa “e quando acabar a bateria do relógio, como vou fazer para ver as horas?” e começa a bolar uma série de planos mirabolantes para ser a primeira inventora de baterias de relógios digitais de Nárnia!

Mas então Caspian a arranca de seu devaneio com a seguinte indagação: “ – Eu quero que sejamos amigos. Enquanto pensava antes de dormir, percebi que somos noivos, que moramos no mesmo palácio há alguns meses, mas não construímos uma amizade e quero fundamentar esse casamento em uma base sólida feita de verdade e companheirismo!”

Depois de ser arrancada de seus mirabolantes planos sobre como inventar baterias se você era a pior aluna possível, ou até mesmo impossível, nas disciplinas de física e química a ponto de fazer seu professor ficar o cabelo igual ao de Einstein e desejar ter escolhido outra profissão, você se vê confusa diante da afirmação de Caspian.

O rei de Nárnia está inseguro? Caspian está inseguro e decidiu vir conversar de madrugada? Ele não poderia esperar até o dia seguinte para estragar seus devaneios de felicidade?

Assumindo um tom sério que nunca tinha assumido antes, você o olha nos olhos e responde:

“ – Caspian, o que está acontecendo? Você se arrependeu, porque se for isso, ainda há tempo para desfazer o noivado! E se não é arrependimento, o que o faria pensar que não o considero amigo e companheiro, porque caso você não tenha percebido, meu rei, Só haviam dois seres vivos a quem confiava meus sentimentos, o Texugo, que se mostrou um ser dúbio e você, que acabou de confessar que não confia o suficiente em mim para me considerar sua amiga!”

Caspian respira fundo e dessa vez você não vê nenhum ar de prepotência, de consolador e nem um sinal de bom humor naquele rosto. Só existe naqueles olhos algo tão profundo que você não consegue desvendar.

E agora assumindo um tom mais temeroso e carinhoso, você pergunta:

“ – Caspian? O que houve? Você não está bem, está?”

Respirando fundo pela segunda vez, Caspian levanta o rosto e olha diretamente nos seus olhos e ali você vê tristeza.

“ – Não tenho arrependimento nenhum quanto a você, só não entendo como posso deixar isso mais claro! Só me sinto mal. Princesa, tenho dúvidas e questionamentos os quais quero compartilhar com você, mas não tenho certeza se você conseguiria compreender de fato o que se passa em minha mente!”

“ – Se você não falar, nunca vai saber o que se passa aqui dentro!”

“ – Tudo bem, eu falo e espero sinceramente que você entenda o motivo de minha preocupação. Princesa, você não se perguntou em nenhum momento porque Suzana teria voltado? Todas as vezes que ela retornou algo muito grave estava acontecendo em Nárnia! E, nessas duas vezes, o trono havia sido usurpado. Começo a pensar que algo acontece embaixo do meu nariz e não percebo e também começo a temer por sua vida!”

“ – Me preocupar com o motivo do retorno da rainha foi só que fiz toda noite! E, se de fato estão tramando algo contra você, não haveria lugar no mundo em que quisesse estar senão ao seu lado! Escolhi ser sua rainha e conheço as conseqüências dessa escolha. A única coisa que você pode fazer, meu rei, é tentar descobrir quem são seus amigos antes de uma possível guerra, porque, até onde sei, todas as vezes que os antigos reis retornaram houve guerra em Nárnia”

Caspian e você se olham por um longo tempo, então você resolve externa seus pensamento e medos:

“ – Caspian, você considera a possibilidade de haver uma guerra?”

“ – Não sei, minha princesa, mas, aconteça o que acontecer, fique certa de uma coisa: eu jamais deixarei que algo a machuque... Meu amor, como não sabemos o que está acontecendo, amanhã mesmo começaremos seu treinamento até que desvendemos a verdade! Aslan nos ajudará”

“ – Que treinamento?”

O ar triste e pesaroso abandona o rosto de Caspian, ele a abraça e lhe dá um beijo de boa noite e, ao se despedir ainda na porta, o rei responde sua pergunta um olhar malicioso e com um sorriso em forma de careta, talvez se parabenizando pela idéia:

“ – Minha princesa, prepare-se, você está prestes a se tornar a primeira rainha guerreira de Nárnia! E, antes que você possa se lembrar que Lucy e Suzana participaram de guerras, a história é exatamente essa: elas participaram, mas você será ativa nessa, para meu desgosto, se é que ela existe, mas não vou lhe deixar desprotegida! Até amanhã, minha princesa guerreira”.

Com essa frase de impacto, Caspian fecha a porta e a deixa com milhões de idéias flutuando em sua mente, a maioria tem haver com mortes dolorosas e excruciantes, como diria Dumbledore, e você não consegue fechar os olhos a noite toda. “Aslan, eu conseguirei evitar uma tragédia se um dia for necessário?”

E como se o Grande Leão estivesse ouvindo, porque, por mais que você não perceba, ele ouve cada pensamento seu e se preocupa com cada detalhe que se refira a você, uma brisa morna bate em seu rosto e bagunça seus cabelos, como se alguém estivesse soprando em seu rosto e você dorme um sono tranqüilo e calmo, sonhando com Aslan e ouvindo o ronronar do Grande Leão, como se ele próprio a embalasse, mas como você tem certeza de que não é ele mesmo embalando você?

OBS: O texto foi escrito por mim e é proibido seu uso ou cópia integral, ou de fragmentos, sem a autorização da autora. O mesmo vale para todo e qualquer conteúdo deste blog que seja de minha autoria. Sua cópia ou uso sem autorização é qualificado como plágio, sendo configurado como crime previsto no Código Penal. O infrator está sujeito as punições previstas no Art. 184 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40.


Kamila Mendes











1 comentários:

Tsu disse...

Oi Kamila!
Obrigada pelo apoio! Minha mãe já está melhorando mas ainda requer bastante cuidado.
Este conto está bem legal! o/
Valeu por curtir meu cosplay ^^ Eu também gostei do resultado final...fiquei fã da Hit Girl e da Chloé que a interpretou. Quando vi a personagem eu pensei: eu queria ser assim que nem ela rs *.*
bjs