sábado, 7 de abril de 2012

Ponto de vista – Jogos Vorazes (Filme)


Antes de tudo, quero deixar claro que esta não é uma crítica oficial, ou uma resenha. É apenas a impressão que tive ao assistir o filme Jogos Vorazes com um olhar um pouco mais crítico que o da maioria. Não tenho a pretensão de influenciar ninguém, só de mostrar meu ponto de vista a cerca de uma obra que promete alavancar as bilheterias em suas continuações. Tão pouco cheguei a ler os livros. Logo, mais uma vez, deixo claro, não é uma crítica, não é resenha, ou sinopse. Apenas meu ponto de vista. Tendo dito isto, vamos aos trabalhos.

A história se passa 75 anos depois de os 13 distritos terem se rebelado contra a Capital numa forma de  se colocarem contra o forte sistema de controle exercido em Panem (o que restou dos Estados Unidos em um futuro distante). Após a rebelião, que resultou no extermínio do 13° distrito e em um regime ainda mais forte e brusco, foi instituído que cada distrito cederia dois jovens, um menino e uma menina, entre 12 a 18 anos, para participar dos Jogos Vorazes. Os jovens são chamados de tributos e devem lutar até a morte nesta competição.


Alguém já ouviu falar da política de Pão e circo praticada na Roma Antiga na época dos gladiadores? Pois bem, é o mesmo esquema: os camponeses estavam migrando para a zona urbana, o crescimento populacional gerou problemas sociais, como a miséria. Para aliviar a pressão e impedir uma rebelião, o Imperador instituiu as lutas entre os gladiadores. durante o espetáculo de sangue, eram distribuídos alimentos: pão e trigo. Dessa forma, a plebe se distraía e esquecia os problemas, ao mesmo tempo que se alimentava, logo a rebelião passava longe de suas mentes. Essas festas mantinham a população sobre o controle garantindo a coroa do Imperador.

The Hunger Games mistura a política do pão e circo da Roma Antiga com o espetáculo do Reality Show de hoje. Enquanto 24 jovens lutam para sobreviver, seus esforços são transmitidos durante 24h para toda nação de Panem. E não interessa muito o quão doloroso seja lutar na competição, quem decide o vencedor é a Capital, na pessoa do Presidente Snow. O interessante é que muita gente assiste e vibra e ajuda os participantes realmente acreditando que eles podem vencer.

Um ponto interessante: 24 jovens são escolhidos, somente um sai vivo e recebe riquezas infindáveis. Resumo da ópera? Mantenha-se fiel a capital, que te alimenta e protege, e você terá sempre condições de permanecer vivo. Rebele-se e sua morte será cruel e dolorosa. Mensagem simples, rápida e eficaz.

A sensação de controle sufoca. É como se você olhasse para os lados e não visse saída. Mas é aí que os personagens principais entram em foco. Dois adolescentes conseguem manipular as regras dos jogos e saem vivos, mas tudo ocorre de forma sutil. Dois ganhadores, quando a regra é apenas um sobrevivente. A semente de uma nova rebelião é plantada quando Katniss Everdeen e Peeta Mellarck manipulam o final do jogo e ambos saem vencedor. Como o treinador deles fala, ‘não há nada que o público queira mais que um casal jovem apaixonado’. Manipulando a audiência, eles reverteram o jogo. Mas que fique claro, Katniss passa a manipular o público quando já não vê mais saída: é uma forma de garantir a sobrevivência de ambos.

Uma crítica a sociedade consumista, cega que vê no espetáculo da vida alheia uma chance de sair de sua rotina fria e mesquinha. Sim, Panem se parece bastante com a sociedade atual. Não entregamos nossos jovens a morte certa com um público sedento por aventura. Mas eles morrem diante das câmeras por falta de atenção, educação e comida. Enquantos muitos se divertem discutindo quem deve ganhar o BBB ou A Fazenda, muitos morrem com fome, enquanto políticos se sentem livres para decidir o melhor rumo que o país pode tomar para lhes garantir uma aposentadoria melhor. Política do pão e circo: assistimos a vida alheia, enquanto morremos.

Confesso que conhecia The Hunger Games (nome original em inglês) apenas de ouvir falar e muito antes do frenesi provocado pela estreia do filme. Me senti inclinada a buscar mais sobre a história, mas como estava presa a complexa trama de As Crônicas de Gelo e Fogo (confesso que ainda estou ávida para descobrir quem reinará em Westeros e se sentará no Trono de Ferro) não me aprofundei, nem procurei pelos livros. Mas essa é minha mais nova ambição: mergulhar no universo de Hunger Games. Sim, tratarei tanto livro quanto filme pelo nome original em inglês, pois me soa muito mais atrativo e icônico do que Jogos Vorazes, facilmente confundido, pelos leigos, com Jogos Mortais, e sim, já me perguntaram se era a continuação do referido filme.

OBS: Amei o filme, me senti envolvida na história. Torci pelo romance de Katniss e Peeta e chorei muito na morte da Rue, principalmente quando o Distrito 11 se rebela. Me arrepiei do inicio ao fim do filme. Meus parabéns!

4 comentários:

Dri disse...

kamiiii eu nao vi o filme nem conheço os livros ainda, mas com o seu ponto de vista foi esclarecedor, vc faz magicas com a palavra, dá vontade de ir ao cinema agora e ir ver o filme *-* ficou massa

Kamila Mendes disse...

Ownt, mana brigada *u*

Então, best, te aconselho a ir...o filme é muito bom mesmo e essa critica social, ao mesmo tempo que é explicita, também é implicita...vale muito a pena. O filme tem emoção, aventura e romance em doses certas...muito, muito bom!

Elton SDL disse...

Ainda não conheço a obra - tanto a literária como a cinematográfica. Mas, a julgar por esse ótimo texto e pela indicação positiva de Stephen King, pretendo me aventurar por essa saga.

Kamila Mendes disse...

Se aventure, Elton. Você não vai se arrepender!